quarta-feira, 6 de março de 2013

SEMANA CULTURA AVIEIRA

dia 5 março

Os nossos alunos  assistiram muito atentamente às sessões informativas sobre a "Cultura Avieira"





O nosso dinamizador, profº David Sousa, descobriu que temos alunos descendentes de Avieiros!!!!
O Diogo Oliveira do 7ºD !!! que explicou aos colegas coisas muito interessantes do tempo dos seus avós e relatou a sua própria experiência de passar um fim-de-semana num barco!!!!           

 

      E o Jorge Charana do 8ºE !!!! Que também explicou alguns pormenores sobre a pesca !





Texto  que vai ser lido na atividade de 12 março "Todos a Ler" pelo 2º e 3º Ciclos:

Avieiros

Esta gente é oriunda da praia de Vieira de Leiria, na Região Centro – daí o nome de Avieiros, e foi a procura de melhor vida que os levou a procurarem sustento no rio Tejo. No Inverno, quando o mar de Vieira de Leiria se mostrava pouco generoso, famílias inteiras deslocavam-se em campanha até ao Tejo, onde em pequenos barcos pescavam sável, enguia, fataça, lampreia e robalo. Com o fim das campanhas regressavam a Vieira de Leiria, muitas vezes a pé! Mas o pouco sustento do mar, que só no Verão era rentável, fazia-os regressar cada vez com mais frequência ao rio Tejo.

Navegavam em pequenos barcos, as bateiras, que, além de serem o principal instrumento de trabalho, eram a própria casa do pescador e da sua família: ali trabalhavam, dormiam, comiam. Era também ali, no barco, que muitas vezes nasciam e eram criados os filhos.

A cultura avieira teve sempre como pedra de suporte a família, não apenas o núcleo restrito, mas a família alargada, que funcionava, e funciona, como uma rede de afectos e ajuda quase auto-suficiente.

Habitualmente, a pesca era feita em família, o casal ia junto para o rio. E esta tarefa, dos remos, que é pesada, era feita pelas mulheres. Enquanto o homem lançava as redes, era a mulher que manobrava o barco, que remava. Só quando era preciso é que o homem corrigia com a vara.

No seu livro “Avieiros”, o escritor neo-realista Alves Redol  chama-lhes  «ciganos do rio». Esse nome pode  ter surgido pelo facto de os avieiros, enquanto sociedade fechada e rejeitada, terem o hábito de casar entre si, tal como fazem os ciganos. Os avieiros casavam entre si até como forma de protecção, para se defenderem. Era uma forma de preservarem o conhecimento que tinham das artes do rio e para darem continuidade às suas tradições.

Mas a abertura da sociedade avieira e a sua aceitação pelos outros eram inevitáveis, até porque no Ribatejo sempre se precisou de mão-de-obra para os trabalhos no campo. A pouco e pouco, foram-se integrando na região e fazendo também alguns trabalhos agrícolas, sobretudo nas culturas sazonais do milho e do tomate.

Actividades que levaram os pescadores a começarem a fixar-se ao longo das margens do Tejo. Casa Branca, Conchoso e Lezirão, no concelho da Azambuja; Palhota, no concelho do Cartaxo; Escaroupim e Muge, no concelho de Salvaterra de Magos; Caneiras, em Santarém; Patacão, em Alpiarça, e Carregado e Vila Franca de Xira são apenas alguns dos locais onde os avieiros se foram instalando. Lentamente, foram abandonando o barco onde sempre viveram e mudaram-se para barracas de lona ou caniço assentes em estacas. Estas casas, serviam para as campanhas sazonais de pesca, mas revelavam-se desadequadas quando as estadas eram prolongadas e demasiado precárias para suportar as cheias do Tejo.

Quando as condições económicas começaram a permitir, este povo, que se fez nómada por necessidade, começou a construir casas com características bem diferentes das casas ribatejanas: nasciam assim as aldeias palafitas (casas assentes em estacas elevadas), típicas da praia de Vieira de Leiria, mas ideais para protecção das cheias do Tejo e que, ao mesmo tempo, permitiam que o pescador estivesse sempre perto do barco.

                                                                                       In, Selecções do Reader’s Digest “Ainda há avieiros no Tejo


 

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