Os nossos alunos assistiram muito atentamente às sessões informativas sobre a "Cultura Avieira"
O nosso dinamizador, profº David Sousa, descobriu que temos alunos descendentes de Avieiros!!!!
O Diogo Oliveira do 7ºD !!! que explicou aos colegas coisas muito interessantes do tempo dos seus avós e relatou a sua própria experiência de passar um fim-de-semana num barco!!!!
E o Jorge Charana do 8ºE !!!! Que também explicou alguns pormenores sobre a pesca !
Texto que vai ser lido na atividade de 12 março "Todos a Ler" pelo 2º e 3º Ciclos:
Avieiros
Esta gente é
oriunda da praia de Vieira de Leiria, na Região Centro – daí o nome de
Avieiros, e foi a procura de melhor vida que os levou a procurarem sustento no
rio Tejo. No Inverno, quando o mar de Vieira de Leiria se mostrava pouco
generoso, famílias inteiras deslocavam-se em campanha até ao Tejo, onde em
pequenos barcos pescavam sável, enguia, fataça, lampreia e robalo. Com o fim
das campanhas regressavam a Vieira de Leiria, muitas vezes a pé! Mas o pouco
sustento do mar, que só no Verão era rentável, fazia-os regressar cada vez com
mais frequência ao rio Tejo.
Navegavam em
pequenos barcos, as bateiras, que, além de serem o principal instrumento de
trabalho, eram a própria casa do pescador e da sua família: ali trabalhavam,
dormiam, comiam. Era também ali, no barco, que muitas vezes nasciam e eram
criados os filhos.
A cultura
avieira teve sempre como pedra de suporte a família, não apenas o núcleo
restrito, mas a família alargada, que funcionava, e funciona, como uma rede de
afectos e ajuda quase auto-suficiente.
Habitualmente,
a pesca era feita em família, o casal ia junto para o rio. E esta tarefa, dos
remos, que é pesada, era feita pelas mulheres. Enquanto o homem lançava as
redes, era a mulher que manobrava o barco, que remava. Só quando era preciso é que
o homem corrigia com a vara.
No seu livro
“Avieiros”, o escritor neo-realista
Alves Redol chama-lhes «ciganos do rio». Esse nome pode ter surgido pelo facto de os avieiros,
enquanto sociedade fechada e rejeitada, terem o hábito de casar entre si, tal
como fazem os ciganos. Os avieiros casavam entre si até como forma de
protecção, para se defenderem. Era uma forma de preservarem o conhecimento que
tinham das artes do rio e para darem continuidade às suas tradições.
Mas a
abertura da sociedade avieira e a sua aceitação pelos outros eram inevitáveis,
até porque no Ribatejo sempre se precisou de mão-de-obra para os trabalhos no
campo. A pouco e pouco, foram-se integrando na região e fazendo também alguns
trabalhos agrícolas, sobretudo nas culturas sazonais do milho e do tomate.
Actividades
que levaram os pescadores a começarem a fixar-se ao longo das margens do Tejo.
Casa Branca, Conchoso e Lezirão, no concelho da Azambuja; Palhota, no concelho
do Cartaxo; Escaroupim e Muge, no concelho de Salvaterra de Magos; Caneiras, em
Santarém; Patacão, em Alpiarça, e Carregado e Vila Franca de Xira são apenas
alguns dos locais onde os avieiros se foram instalando. Lentamente, foram
abandonando o barco onde sempre viveram e mudaram-se para barracas de lona ou
caniço assentes em estacas. Estas casas, serviam para as campanhas sazonais de
pesca, mas revelavam-se desadequadas quando as estadas eram prolongadas e
demasiado precárias para suportar as cheias do Tejo.
Quando as
condições económicas começaram a permitir, este povo, que se fez nómada por
necessidade, começou a construir casas com características bem diferentes das
casas ribatejanas: nasciam assim as aldeias palafitas (casas assentes em
estacas elevadas), típicas da praia de Vieira de Leiria, mas ideais para protecção
das cheias do Tejo e que, ao mesmo tempo, permitiam que o pescador estivesse
sempre perto do barco.
In, Selecções do Reader’s Digest “Ainda há
avieiros no Tejo
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